quinta-feira, 28 de abril de 2011

Ele viveu conosco, como um de nós, no meio dos que rejeitamos



Prego, martelo, machadinha, plaina, formão, esquadro, todas essas ferramentas eram bem comuns para ele. Em Nazaré era conhecido apenas como um carpinteiro. 

Ele não é melhor do que nós, diziam. É apenas um carpinteiro, o filho de Maria e José” (Mc 6:3).  Ah se eles soubessem!... Se tivessem ao menos idéia de que quem estava diante deles: Era o próprio Deus, que se fez gente, se humilhou, tornou-se semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana como um humano.
A Bíblia relata este fato com as seguintes palavras: O Verbo (Jesus) se fez carne, e habitou entre nós... (Jo 1:14). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele que criou o mundo, que existe desde antes da fundação do mundo, veio participar da história do mundo como um ser humano. Que Honra!

Se as suas dúvidas se parecerem um pouco com as minhas, você pode estar se perguntando como isso é possível? Primeiramente quero ressalvar que se trata de Deus, e que muitas vezes nós queremos colocar os limites ao que é ou não possível a Ele.

Jesus entrou no mundo como um bebê. Precisou ser amamentado, trocado, cuidado, cresceu como uma criança judia normal. Coisas que nós nunca paramos para pensar, Jesus foi uma criança e se fez uma criança judia.

“Ah! Se o líder da sinagoga em Nazaré soubesse quem era aquele garoto que ouvia seus sermões...”.

Durante sua vida Jesus sentiu tudo o que eu e você sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35). Sentiu medo (Lc 22:42). Teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2). Cansou-se (Jo 4:6).

Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no meio das multidões, ou melhor no meio das pessoas que a maioria dos “religiosos” consideravam inferiores.

Veja se os encontros mais significativos de Jesus não foram com os líderes religiosos mas com a prostituta que ia ser apedrejada, os 10 leprosos, Zaqueu o publicano, a mulher do fluxo de sangue, o cego de Jericó, o aleijado do tanque de Betesda, a mulher Cananéia, a viúva de Naim, o endemoninhado gadareno, e outros tantos anônimos, excluídos, oprimidos, perseguidos.          

Lembro da parábola das bodas... Os convidados eram pessoas “distintas”, “nobres”, gente de “importância”, de “destaque”. Mas todos tinham seus afazeres e fizeram pouco caso do convite. Aí o Rei mandou chamar a gentalha, os estorvos, os miseráveis e os bêbados.

Se fosse hoje estariam na festa viciados em crak, transexuais, lésbicas, gays, agiotas, traficantes, aidéticos, deprimidos, flanelinhas, e outros “diferentes e inferiores”. Fico pensando se eu teria a dignidade necessária para me sentar à mesa com essa gente. Talvez não...

Por isso a escola de Jesus era na rua, nas esquinas, nos becos das cidades, nas casas, nos ajuntamentos a beira mar, ao pé das montanhas ou nas colinas. Seus alunos não eram filósofos letrados, nem rabinos eruditos, muito pelo contrário, entre seus discípulos não havia pessoas com “pedigree”, apenas gente que queria aprender a ser gente.

Diferentemente de outros mestres, como Platão, que fundou uma academia, ou Aristóteles, que fundou um liceu, Jesus não fundou coisa alguma. Aliás, foi peça fundamental para afundar tradições, dogmas, ritos e mitos do “sagrado” de Israel

Entretanto, o grande paradigma em tudo isto é que são justamente estes, os “diferentes e inferiores” que Jesus quer que eu convide para a “festa”, pois são eles os mais receptivos a Graça e ao Reino. Agora, se eu não me “tocar” quanto a isto, corro o sério risco de, em algum momento, ouvir dEle: “desculpe filho; "a fila já andou"; “tive de usar outro em seu lugar, pois você estava muito ocupado com a sua obra”. 
Hoje aprendi a refletir sobre isso, espero que vocês aprendam também.
Pense nisso...


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